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Review: The Precinct mira alto e erra o tiro
O The Precinct até consegue divertir nas primeiras horas, mas logo começa a apresentar seus problemas. Confira o review completo!
Desde que foi anunciado, o The Precinct chamou a atenção por colocar os jogadores no papel de um policial ao mesmo tempo em que lembra os GTAs mais clássicos. Após passar por um breve adiamento, o jogo está pronto, mas será que ele agrada?
Pessoalmente, eu estive bem empolgado com The Precinct desde o seu anúncio e, apesar de ele trazer boas ideias para a mesa, eu já adianto que é melhor baixar um pouco as expectativas. Mas para saber os motivos para isto, confira agora o nosso review completo!
História apenas com começo e fim
A história de The Precinct começa com um enredo simples, mas que é o suficiente para prender a atenção do jogador. Nela, nós assumimos o controle de Nick Cordell Jr, um jovem que decide entrar na carreira policial para defender os cidadãos de Averno e desvendar os mistérios do assassinato de seu pai, que também era um policial.
Ao se passar na década de 80, a história realmente lembra alguns filmes dessa época e os personagens nos fazem sentir esse clima com pequenas piadas referentes a escolha do protagonista ter decido essa vida. Já caindo um pouco no clichê, outras piadas são feitas com o fato de ele ser o novato filho de alguém famoso.

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Toda a apresentação dos personagens é realizada com desenhos estáticos, algo que quebra um pouco a imersão. Já pelo lado positivo, a dublagem do jogo é realmente boa, apesar de um personagem ou outro, em raros momentos, parecer estar com o microfone estourado.
Mesmo com todos esses pontos positivos mencionados acima, The Precinct começa a errar ainda cedo com conversas rasas e personagens que não conseguem ser marcantes. Na delegacia, além de seu parceiro Kelly, você pouco interage com os demais companheiros, sendo que essas pequenas interações, quando existem, são completamente esquecíveis.
De volta a trama principal, aqui talvez esteja o maior problema de The Precinct. Apesar de o jogo se vender com a proposta de um “sandbox”, ele traz uma história, mas que não se desenvolve e quase não tem detalhes contados. Para piorar a situação, da forma como ela é contada, parece que temos apenas um começo e fim.
Após a trama inicial ser contada nas duas ou três primeiras horas de jogo, sem dar spoilers, nós praticamente vemos mais uma parte da história nos últimos 40 minutos da campanha. Durante o dia a dia na delegacia, nós apenas vemos algumas histórias envolvendo as gangues da cidade, mas que, de verdade, não adicionam muito e são esquecíveis com personagens fracos.
Toda essa junção de trama principal com as histórias das gangues faz com que a campanha principal de The Precinct leve em torno de 12 horas para ser finalizada. Após finalizar a campanha é possível continuar jogando para completar os demais desafios ou apenas cumprir os deveres da lei.
Rotina policial com um sistema de progressão interessante
Para desenrolar a história de The Precinct é apenas necessário fazer as clássicas rondas policiais. Nessa parte, o jogo promove alguns acertos, mas novamente comete alguns erros e as tarefas dadas pouco demoram para ficarem repetitivas.
Ao começar pela parte positiva, as tarefas disponíveis até que apresentam uma boa variedade. Elas vão desde patrulhas a pé para evitar pequenos crimes, aplicação de multas de trânsito até perseguições em alta velocidade tanto com carro quanto com helicópteros.
Além dos delitos que vemos apenas ao fazer a ronda, The Precinct também traz algumas situações mais interessantes. Por exemplo, as vezes Nick Cordell Jr é chamado para investigar a cena de um crime e coletar todas as provas ou precisa invadir algum local para realizar uma prisão.
Tirando a parte do helicóptero, o sistema para a abordagem que fazemos aos NPCs cometendo delitos se mostra bem inteligente. Além de pedir o documento das pessoas, nós precisamos revistá-las, fazer teste do bafômetro, anotar cada delito cometido e decidir se ela será apenas multada ou devidamente presa.
A variedade de atividades é muito bem-vinda, mas no dia a dia, a rotina cansa logo nas primeiras horas, ainda mais ao levar em conta que são poucos casos que temos para investigar ou que envolvem entrarmos em locais em situações com um maior perigo.
Mais um ponto que não ajuda é que apesar de Averno ser descrita como uma cidade problemática, não foi em apenas uma ou duas noites em que não via muitos crimes ocorrendo, o que deixava as coisas em “ritmo de passeio”.

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Além desse problema das rotinas, o sistema de provas foi outro que me decepcionou decepcionou. Durante as abordagens e prisões nas rondas, nós vamos coletando algumas provas, sendo que elas podem ou não ter relação com as gangues que dominam a cidade.
Essa é a única forma de prosseguir na história e encontrar os próximos bandidos, mas não é bem o que ocorre. As provas de gangue vêm, em grande parte, de forma completamente aleatória e as outras provas, infelizmente, não servem para progredir e ficam completamente largadas.

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Outro ponto a ser notado é que teve momentos durante o jogo em que, se eu apenas me concentrasse em atender os chamados sem revistar pessoas aleatórias na rua, eu não via nada de progressão na campanha e nenhuma prova coletada. Ou seja, para avançar na história, eu descobri que um dos caminhos mais fáceis era sair revistando pessoas aleatoriamente na rua, mesmo que não estivessem fazendo nada suspeito.
Para a parte positiva, o The Precinct ainda conta com um sistema de evolução interessante para o personagem. Além dos níveis concederem pontos para serem utilizados em uma árvore de habilidades realmente útil, eles também abrem novas opções de ronda na cidade, armas e até novos veículos.

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Ainda durante a progressão de níveis, o jogo até mostra o nível de experiência obtido com os outros companheiros de trabalho. Entretanto, eu realmente não entendi a proposta, uma vez que o nosso parceiro nunca muda no jogo, o que dá a sensação de que algo foi planejado e só parcialmente implementado.
Além das tarefas que um policial deve fazer, The Precinct traz algumas atividades extras, sendo estas bem divertidas. Uma delas consiste em fazer corridas contra o tempo em trajetos determinados, saltar obstáculos e outra em disputar rachas, sim, o policial também tem um lado um pouco menos fora da lei.
Jogabilidade e IA podem ser inimigos
Na questão jogabilidade, o The Precinct consegue ser distinto em momentos diferentes. Enquanto em certos momentos ele tem o seu auge, os problemas encontrados nessa parte também são um dos piores.
Ao começar pela parte boa, dirigir em The Precinct é algo bem divertido, sendo que cada carro possui uma dirigibilidade diferente. Nas perseguições, entretanto, alguns carros simplesmente parecem ter saído de outro mundo por conta de sua velocidade absurda fazendo com que os perseguir seja frustrante.

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Por sua vez, não é apenas quando dirigimos que vemos problemas no jogo. Durante a patrulha a pé, nós estamos sempre com o nosso parceiro, mas abordar duas pessoas infringindo a lei ao mesmo tempo é uma tarefa quase impossível se uma delas não resolver cooperar.
Enquanto fazer uma abordagem individual é bem simples e feita de forma eficaz, as abordagens em dupla ou contra gangues é muito dificultada. Além de Kelly, parceiro de Nick, não fazer praticamente nada, os reforços policiais pedidos pelo rádio geralmente vão no mesmo bandido que você já capturou, o que resulta quase sempre em alguém conseguindo fugir.
Outro problema na patrulha está ao determinar os crimes para uma prisão. Por exemplo, ao abordar alguns vândalos e assaltantes que roubaram veículos durante a sua fuga, o The Precinct não aceitava que eu colocasse o roubo de um carro como um delito. Esse bug também foi visto ao tentar registrar alguns outros delitos.

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Se esses problemas acima já não fossem frustrantes, a IA consegue deixar algumas situações ainda piores. Além dos NPCs policiais sempre escolherem o pior caminho, por exemplo ao pular muros com um caminho livre do lado, eles constantemente ficam presos sem realizar qualquer tipo de ação.

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Saindo das patrulhas a pé e indo para uma das minhas rondas com helicóptero, eu cheguei a perder 5 bandidos que já estavam sem ter para onde correr e cercados por conta da IA não saber o que fazer para chegar neles. Aqui, vale notar, ao estar de helicóptero nós apenas chamamos as unidades para fazer as apreensões, sem poder dar nenhum outro comando direto.
Por último, mas não menos importante, o combate de The Precinct é muito precário. Enquanto o combate com armas brancas é apenas truncado e aceitável, os tiroteios são um verdadeiro desafio.

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A função de pegar cobertura falha algumas vezes, principalmente em cenários abertos, e o nosso personagem fica exposto. A tarefa de mirar, por outro lado, é ainda pior, uma vez que é quase impossível enxergar onde está a mira em momentos em que a ação toma conta e que precisamos ser rápidos.
Outro ponto que também prejudica o combate é a quantidade de vida que temos e a sua regeneração ao levar um tiro, que faz com que a gente tenha que esperar um longo tempo antes de realizar a ação.
Para ser justo nestes problemas encontrados, os desenvolvedores de The Precinct afirmaram que logo em seu lançamento o jogo receberá uma atualização para melhorar alguns desses problemas, como a mira automática e o caminho percorrido por NPCs.
The Precinct vale a pena?
O The Precinct conseguiu chamar a atenção por conta de sua proposta e elementos diferentes ao mesmo tempo em que lembra o GTA. O jogo até diverte em suas primeiras três ou quatro horas, mas comete muitos erros que tornam a experiência cansativa.
Enquanto a sua história até tem uma ideia que chama a atenção, o jeito como ela é contada e desenrola é muito raso. O The Precinct realmente se perde quando tenta misturar história e ser um sandbox, tendo como resultado não se sobressair em nenhum desses quesitos.
Outro grande contra está em sua jogabilidade, que apresenta problemas em diferentes pontos que vão desde bugs até sua Inteligência Artificial, que não funciona em boa parte das situações. Isso é uma pena, tendo em vista que o sistema de progressão de personagem, por exemplo, é divertido.
Por enquanto eu somente conseguiria recomendar The Precinct para quem procura um jogo para passar um tempo sem muito compromisso. É fato que atualizações até podem melhorar muitos dos problemas vistos aqui, mas elas não poderão corrigir tudo em que o jogo falha.

The Precinct
Publisher: Fallen Tree Games Ltd
Desenvolvedora: Kwalee
Plataformas: PC, PS5 e Xbox Series X|S
Lançamento: 13/05/2025
Tempo de review: 13 horas
O The Precinct traz uma ideia interessante com um clima charmoso dos anos 80, mas comete muitos erros
Prós
- Gráficos bonitos com cidade charmosa
- Sistema de progressão do personagem
- Diferentes tipo de rondas para serem realizadas
Contras
- História sem detalhes e com personagens esquecíveis
- Sistema de combate com muitos problemas
- Bugs e diversos problemas com Inteligência Artificial
- Progressão na história realizada de forma confusa
Comentários
Estou curtindo o Game, alias é triste e chato ler esse livro acima, parei na terceira linha vou lá jogar mais um pouco de The Precinct que ta muito bom.